“E pouco a pouco se esvaece a bruma,
Tudo se alegra a luz do céu risonho
E ao flóreo bafo que o sertão perfuma.
Porém minh’alma triste e sem um sonho
Murmura olhando o prado, o rio e a espuma:
Como isto é pobre, insípido e enfadonho!”
O termo depressão é muitas vezes usado vagamente para descrever o humor para baixo ou desencorajado que resulta de decepções ou perdas. Entretanto, essa tristeza, ao contrário da depressão, tende a estar associada a pensamentos ou lembranças do fato desencadeador e desaparecem quando as circunstâncias ou eventos melhoram. Desenvolvo esse assunto no artigo “Depressão não é tristeza”.
Já nas síndromes depressivas, os sintomas persistem e se agravam com o tempo. Os sintomas podem ser afetivos, físicos e cognitivos. Em casos graves há sintomas psicóticos, delírios e alucinações, alterações motoras e estupor.
Sintomas:
Tristeza, sentimento de melancolia
Choro fácil e frequente
Apatia, indiferença afetiva, “ tanto faz como tanto fez”
Sentimento de falta de sentimento, “ é terrível não consigo sentir mais nada”
Sentimento de tédio
Aborrecimento e irritabilidade aumentada a ruídos, pessoas e vozes
Angústia ou ansiedade
Desespero desesperança
Incapacidade de sentir prazer em várias esferas da vida
Fadiga, cansaço fácil e constante, sente o corpo pesado
Desânimo, diminuição da vontade, “não tenho pique para nada”
Insônia ou hipersonia
Perda ou aumento de apetite
Palidez, pele fria
Diminuição do desejo sexual e da resposta sexual (disfunção erétil, orgasmo retardado ou anargosmia)
Pessimismo em relação a tudo
Ideias de arrependimento e de culpa
Visão de mundo marcada pelo tédio, “ a vida é vazia, sem sentido e nada vale a pena”
Ideias de morte, desejo de desaparecer, dormir para sempre
Ação, planos ou atos suicidas
Déficit de atenção, concentração e memória
Dificuldade de tomar decisões
Sentimento de autoestima diminuído
Sentimento de insuficiência e incapacidade
Sentimento de vergonha e autodepreciação
Tendência a permanecer na cama por todo dia
Diminuição da fala, redução da voz e fala lenta
Ideias delirantes de conteúdo negativo, delírio de ruína ou miséria, delírio de culpa, delírio hipocondríaco, delírio de inexistência
Alucinações auditivas
Ilusões auditivas ou visuais
Ideação paranóide e outros sintomas psicóticos humor incongruente
Há vários subtipos de síndromes de transtornos depressivos descritos na psiquiatria. Em resumo: transtorno depressivo maior, a distimia e as depressão relacionadas à ansiedade, ou a bipolaridade (vide artigo “O que é transtorno bipolar”), ou a questões orgânicas como hipertireoidismo, lúpus parkinson e AVCs.
O transtorno depressivo maior é o subtipo de depressão mais comumente diagnosticado e com maior gravidade. Caracteriza-se por episódios distintos com, no mínimo, duas semanas de duração, envolvendo: presença de humor deprimido e/ou perda de prazer ou interesse, somados à presença de alguns ou todos os seguintes sintomas: alterações do sono, alteração do peso e do comportamento alimentar, alteração psicomotora, fadiga ou perda de energia, prejuízo das funções cognitivas, sentimento de menos-valia ou sentimento excessivo de culpa e ideação suicida.
A distimia trata-se de uma depressão crônica geralmente de intensidade leve muito duradoura que começa no início da vida adulta e persiste por vários anos. Os sintomas depressivos mais comuns são diminuição da autoestima, fadiga, dificuldade em tomar decisões ou se concentrar, mau humor, irritabilidade e sentimento de desesperança. Os sintomas devem estar presentes de forma ininterrupta por pelo menos dois anos.
Entenda mais sobre a depressão nos artigos:
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